| Estilo e preservação nas peças feitas com redes de pesca do fundo do mar

O publicitário Luiz Carlos Cabral sempre foi um apaixonado pelo mar. Quando finalmente resolveu morar na praia, em São Sebastião, começou a ficar frustrado e incomodado com a imensa quantidade de lixo despejada no oceano: plásticos, latas, redes de pesca, garrafas? Uma verdadeira infinidade de resíduos que eram simplesmente descartados na água, causando um sério impacto na vida marinha.

Diante disso, o Capitão Cabral, como é conhecido, resolveu criar, em 2008, a ONG Mar Limpo, que como o próprio nome diz, faz a limpeza das praias do litoral norte paulista e reaproveita estes resíduos, além de promover campanhas de conscientização sobre o tema.

No começo deste ano, a organização fechou uma parceria com a marca Santa Costura de Todos os Panos, de Campinas, para lançar a coleção Mar Limpo.

As peças dessa nova coleção são todas feitas a partir do processo de upcycling, que tem como principal conceito transformar resíduos que seriam descartados em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. O objetivo é valorizar o que seria considerado ?inútil?, utilizando a maior parte possível do produto ou todo o material na criação de algo novo, que possa prolongar seu ciclo de vida e diminuir o volume de lixo.

Como as redes de pesca entram nisso?
Foi exatamente o que a estilista da Santa Costura, Gabi Meirelles e suas costureiras, criaram: blazers, calças, bermudas e pantacourts feitos a partir de lonas de barcos descartadas, além de bolsas nas quais a matéria-prima utilizada são redes de pesca, jogadas no fundo do mar ou abandonadas na areia.

As peças são únicas e exclusivas. Gabi explica que as redes não são reformadas. Se alguma tem um furinho ou um nó, vai continuar assim na bolsa e ?É de uma beleza incrível?, diz.

Uma das coisas mais legais da coleção é que, em cada peça, está descrito exatamente o local, inclusive com coordenadas geográficas, onde o material foi encontrado. Além disso, elas possuem registradas em si as marcas do longo tempo de uso das lonas e redes.

A coleção, lançada em fevereiro, foi um sucesso. Todas as peças já foram vendidas e o dinheiro arrecadado revertido para o trabalho realizado pela ONG Mar Limpo. Mas a ideia da ONG é continuar a parceria e confeccionar ainda mais roupas utilizando os materiais provenientes desse tipo de reaproveitamento.